Entre os dias 22 e 24 de outubro, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) desembarcou em São Gabriel da Cachoeira, município do Amazonas, para uma ação social inovadora denominada SuperAção na Amazônia. Por meio dela, houve a doação de um sistema completo para detecção de problemas auditivos, que contempla desde os recém-nascidos, até os adultos e idosos.
Foram doados um equipamento de otoemissão acústica que, entre outras coisas, detecta déficit auditivo em recém-nascidos, equipamentos para audiometria e imitanciometria, além de uma cabine especial acústica para a realização segura dos exames.
Meu Otorrino é 10 e a SuperAção na Amazônia
O projeto foi idealizado de acordo com o lema da diretoria da ABORL-CCF em 2022, que foi “O meu otorrino é 10”, buscando dar voz aos pacientes e à população geral acerca das 10 contribuições mais relevantes dos profissionais de otorrinolaringologia, descritas a seguir:
- Cuida da minha garganta;
- Me faz respirar melhor;
- Me faz ouvir melhor;
- Me faz dormir melhor;
- Cuida da minha tontura;
- Cuida da minha voz;
- Me faz sentir os cheiros melhor;
- Me ajuda a me comunicar melhor;
- Melhora minha autoestima;
- Ele trabalha pelas causas sociais.
“Uma associação médica se fortalece quando tem uma função social mais bem definida. Além da importância social e da ajuda que pode levar as pessoas, isto traz outro foco para a ABORL, muito importante em um país como o nosso, especialmente nos tempos em que vivemos”, contextualiza Renato Roithmann, presidente da ABORL-CCF.
“Um de nossos pressupostos como Associação é desenvolver ações que promovam a melhoria da saúde da população. Fazemos isso muito bem com campanhas de orientação e atendimento em nossos consultórios e universidades. Este ano demos um passo a mais com vários projetos sociais e, entre eles, destacamos a SuperAção na Amazônia“, finaliza.
Inclusive, recentemente, os aparelhos da SuperAção na Amazônia começaram a ser utilizados em prol da população de São Gabriel da Cachoeira. Por isso, nós conversamos com o próprio Dr. Renato Roithmann, que esteve diretamente envolvido neste processo, e os demais participantes do projeto, sobre a importância desse momento histórico.
- Antes da ação da ABORL-CCF de doação do equipamento e treinamento do profissional, a população de São Gabriel da Cachoeira não tinha acesso ao exame?
Não tinha acesso à saúde auditiva e nem aos exames para identificação de qualquer problema auditivo.
- Ao receber o vídeo com o procedimento sendo realizado, o senhor sente que a missão da ABORL-CCF foi cumprida?
Muito feliz mesmo em receber este vídeo do paciente número 1. A missão inicial foi cumprida, e muito bem, diga-se de passagem. Este trabalho envolveu várias etapas e pessoas fundamentais. A primeira foi marcada pela entrega dos equipamentos em São Gabriel da Cachoeira e a capacitação para professores do ensino fundamental e médicos da atenção primária local. A segunda abrangeu o aperfeiçoamento do fonoaudiólogo local, em São Paulo. Ele ficou três semanas na Santa Casa de São Paulo e vai realizar monitoramento mensal por videoconferência. E a terceira é a que estamos iniciando, com os doutores Eriberto Velasques, Cilmara Cristina Alves da Costa Levy e Lucia Nishino, realizando os exames em São Gabriel da Cachoeira e entrando na rotina local. Os doutores Ricardo Dolci e Bruno Aoki merecem crédito especial por terem participado desde o primeiro minuto na concepção e execução do projeto. Estiveram conosco em São Gabriel da Cachoeira, na primeira etapa, o Carlos Roberto, secretário-executivo, e o Renato Batista, ambos da ABORL-CCF.
- Doutor, o exame foi feito na maternidade? Qual o nome do local certo onde ocorreu esse atendimento?
Não, os primeiros exames foram feitos na UBS Franklin. Depois, o Equipamento de Otoemissão Acústica (EOA) foi levado para a Casa do Índio, Comunidade Warua e Yamato, todos em São Gabriel da Cachoeira.
- O exame foi realizado pelo fonoaudiólogo treinado na SuperAção da ABORL-CCF. Qual o nome dele?
Essa triagem foi realizada pelo fonoaudiólogo local Eriberto Velasquez, com a supervisão das fonoaudiólogas Cilmara Levy e Lucia Nishino, da Santa Casa de São Paulo.
- Ainda sobre o exame, qual a orientação correta a respeito do período para sua realização?
A recomendação para a realização da TAN (Triagem Auditiva NeoNatal) é que seja feita na maternidade durante a estada da bebê e da mãe. No entanto, a EOA é um dos exames que auxilia no diagnóstico da perda auditiva. Uma vez que não tenha sido realizado na maternidade, preconiza-se que este bebê faça a triagem em qualquer unidade de saúde. O ideal é que seja realizado no primeiro mês de vida para que, caso haja suspeita de perda auditiva, seja obtido um diagnóstico o mais cedo possível.
- Qual foi o resultado do exame? Foi identificado algum problema?
Resultado: passa. O bebê passou na triagem auditiva neonatal, realizada em ambas as orelhas. Foi dada apenas orientação para acompanhar os marcos do desenvolvimento da fala e audição.
- Qual o dia que o exame foi feito e quantos dias de nascida ela tinha quando o fez?
Foi realizado em 22/11/2022, quando a criança tinha 29 dias.
- A ABORL-CCF doou um sistema completo para detecção de problemas auditivos. Além do equipamento de otoemissão acústica, houve a entrega dos para audiometria e imitanciometria, além de uma cabine especial acústica. Esses outros equipamentos já foram utilizados? Já há exames agendados?
Os equipamentos foram entregues. Realizamos a triagem auditiva neonatal com o equipamento de emissão otoacústica. Utilizamos o equipamento de imitanciometria e montamos o audiômetro, porém não foi possível realizar o exame de audiometria porque a cabina não havia chegado em função do lento transporte na Amazônia.
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