A pandemia da Covid deixou uma série de cicatrizes na sociedade e, consequentemente, em inúmeras atividades cotidianas. Muitas pessoas desenvolveram certa resistência a locais com aglomeração, outras ainda preferem manter o uso de máscaras, ainda que não haja mais essa obrigatoriedade.
No segmento médico, que também reflete o comportamento humano, não foi diferente. Ou, ao menos, é o que acreditamos em um primeiro momento. Para saber como o setor tem lidado com esse período, especialmente no que diz respeito ao retorno às consultas presenciais, decidimos conversar com quem entende do assunto na prática.
Para isso, entrevistamos o Dr. Eduardo Baptistella, que já foi presidente da ABORL-CCF em 2021, e que, muito gentilmente, aceitou responder aos nossos questionamentos sobre o assunto. Confira a seguir como foi esse bate-papo!
Como tem sido o retorno presencial dos pacientes?
Com os números bem controlados da pandemia, o retorno tem sido muito tranquilo. Diria, inclusive, que os pacientes agora estão mais confiantes em tratar suas doenças de “rotina”. A pandemia trouxe com ela um olhar diferente sobre as doenças, um verdadeiro “alerta” sobre a necessidade de estar saudável.
Quais tipos de adaptações o Dr. ainda teve de manter no consultório, por conta do pós-Covid?
Algumas regras ainda vigoram, conforme o estado ou município em que se atende. Em meu caso, estou no Paraná. Aqui, o uso de máscaras ainda é obrigatório nos consultórios, o que não vejo como ruim, pois protege os demais pacientes de contaminações desnecessárias – não só de Covid, mas de gripes e resfriados.
O Dr. tem encontrado resistência, por parte dos pacientes, à retomada presencial do consultório?
Não. A grande maioria, inclusive, estava ansiosa por este retorno.
Como disse anteriormente, a saúde passou a ser vista com mais relevância.
E por parte dos profissionais, o Dr. tem observado algum tipo de movimento semelhante?
De forma alguma os profissionais deixaram de atender a população, ou seja, sempre estiveram presentes. Se não nos consultórios, estavam nos hospitais ajudando a quem fosse preciso. Muitos otorrinos trabalharam arduamente como clínicos, inclusive em grandes “covidários“, e mesmo nas UTIs. Então, voltar à forma presencial, foi somente uma readequação destes atendimentos.
O Dr. acredita que há mudanças causadas pelo período de pandemia, que vão se tornar parte da realidade dos consultórios para sempre?
Sim, a principal delas foi o retorno da confiança no médico e demais profissionais de saúde, o que levou a um número maior de atendimentos e cirurgias neste pós-pandemia.
Agora, de forma prática, sobre as adaptações que se fizeram necessárias, a telemedicina e os agendamentos por sistemas eletrônicos realmente devem permanecer.
O Dr. tem alguma recomendação para que outros profissionais possam tornar esse retorno dos pacientes ao consultório um momento menos estressante e complicado?
Acredito que o momento não seja de insegurança, mas sim de cuidados com a saúde, que não foram possíveis durante a pandemia.
Desta forma, não vejo como estressante o retorno, mas sim um alívio – tanto para o médico quanto para o paciente.
Retomar os atendimentos é, nada mais, nada menos, do que realizar o que sempre fizemos, com o cuidado e a segurança de sempre.
O Dr. acredita, ou cogitou em algum momento durante os picos da pandemia, que o consultório físico como conhecemos estivesse com os dias contados? É possível imaginar esse tipo de cenário, com as teleconsultas tão em voga?
Não, as consultas por telemedicina têm ajudado em momentos específicos, mas há muitas limitações – desde contar com um sistema eficaz de internet, até a dificuldade de visualização de sintomas e diagnóstico.
Elas são apenas uma ferramenta de auxílio. No entanto, o cuidado, o atendimento e o diagnóstico são particularidades do médico e não da tecnologia .
Dr. Eduardo Baptistella já foi presidente da ABORL-CCF em 2021, além de presidente da Associação Paranaense de Otorrinolaringologia em 2012. É mestre em Otorrinolaringologia pela Capes FEPAR e pós-graduado em Saúde pela PUC.
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