Aos 83 anos, José Antonio Pinto é médico otorrinolaringologista e, com 58 anos de carreira, não pensa em parar tão cedo! Para ele, ainda tem muito tempo pela frente para cuidar das pessoas, estudar, compartilhar conhecimento e preparar novos médicos.
O primeiro hospital de médicos otorrinolaringologistas do Brasil, o Hospital Ibirapuera, foi construído por ele e mais um grupo de colegas de profissão. Inaugurado 50 anos atrás, foi um centro de referência importante para o país durante o tempo em que esteve ativo – 16 anos.
“Lá, eu criei um serviço de residência médica em Otorrinolaringologia. Foi o primeiro serviço de residência médica fora de uma faculdade, fundado em 1973 e que funciona até hoje”, conta José Antonio.
Com o fechamento do Hospital Ibirapuera, o programa de residência foi transferido para o Hospital São Camilo, da Pompeia, em São Paulo. “Nós ficamos neste hospital durante o período de 26 anos. Nosso trabalho cresceu muito!”
José Antonio se especializou em diversas áreas da Otorrinolaringologia e foi presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia Peroral. Ele conta que, naquele tempo, as endoscopias eram feitas de forma rígida em todos os pacientes – independentemente do caso. Hoje, a especialidade se subdividiu e isso possibilita que os médicos possam se especializar em áreas que têm mais habilidade.
O médico passou pela presidência da Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV). Nessa jornada, em 2003, ele e sua equipe criaram o Dia Mundial da Voz, celebrado em 16 de abril, com o objetivo de ressaltar a conscientização do cuidado com a voz – tão importante para as personalidades. “Essa conquista marcou o nosso trabalho e hoje é celebrada no mundo todo”.
“Também desenvolvemos o departamento de Medicina do Sono da ABORL-CCF. O trabalho começou em 2006, para reforçar a importância do papel do otorrinolaringologista nessa área de cuidado”, conta o médico.
Aprendizados e desafios
Dr. José Antonio viajou pelo mundo em busca de especializações. Ainda com muita dificuldade, trouxe para o Brasil diversos equipamentos tecnológicos que contribuíram para o desenvolvimento dos procedimentos. “Agradeço por ter tido essa oportunidade.”
“Ampliei o meu campo de ação. De um otorrinolaringologista que tratava ouvido, nariz e garganta, me especializei em cabeça e pescoço, além de microcirurgia endonasal. A especialidade foi crescendo muito e eu consegui acompanhar esse desenvolvimento, me especializando nos novos tipos de tratamento dentro da área. Tudo isso enriqueceu o meu desenvolvimento enquanto pessoa e profissional”, conta entusiasmado e feliz por trilhar esse caminho.
Atualmente, José Antonio atua especificamente com laringe, voz e medicina do sono. Ele enfatiza a importância de os médicos se especializarem no grupo em que queiram trabalhar, ou seja, nas áreas em que, de fato, desejam buscar uma especialização.
“Quero trabalhar mais até onde der. Eu convivo com a juventude que me estimula e acredita em mim. Eu já formei muita gente no Brasil e no exterior. A Otorrinolaringologia é uma especialidade maravilhosa!”
“Que os estudantes se preparem à altura. Precisa sair, visitar serviços, ampliar a visão. Não ficar restrito. Que os estudantes do mundo não percam a garra e sigam o que realmente gostam de fazer. Eu me orgulho muito da Medicina brasileira!”
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