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A Campanha da Voz, promovida anualmente pela Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV) em parceria com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), é uma das mais importantes iniciativas de conscientização sobre saúde vocal no Brasil. Em sua 26ª edição, que neste ano acontece durante todo mês de abril mas com seu auge ocorrendo na Semana da Voz, entre os dias 13 e 20 de abril, o evento ganha um enfoque especial na “Voz Profissional” e nas doenças ocupacionais relacionadas ao uso excessivo da voz.

Para que você conheça melhor os objetivos da Campanha neste ano, entrevistamos a Dra. Adriana Hachiya, presidente da ABLV, que muito gentilmente nos esclareceu as principais dúvidas acerca dessa importante iniciativa. Acompanhe essa leitura conosco!

Mais do que um slogan: um compromisso

De acordo com a presidente da ABLV, a Campanha da Voz 2024 tem como objetivo principal “a promoção da saúde vocal através de informação para a sociedade sobre cuidados com a voz e prevenção de doenças, incluindo o câncer de laringe”. Além disso, a campanha também é direcionada à classe médica, trazendo informações relevantes sobre o tema.

O slogan da campanha neste ano, “Nós cuidamos da sua voz para todo mundo ouvir“, reforça o compromisso dos otorrinolaringologistas com o cuidado e a prevenção vocal. Nas palavras da Dra. Adriana, “é uma lembrança de que nós, médicos otorrinolaringologistas, estamos juntos nesse caminho de cuidado e prevenção, e que precisamos divulgar para a população e para a classe médica que rouquidão é um sintoma e, por trás dele, está um diagnóstico médico necessário para que o paciente seja conduzido da forma mais assertiva e apropriada.”

Problemas da voz e o ambiente de trabalho

Um dos destaques da Campanha da Voz 2024 é o foco na “Voz Profissional”. Como explica a presidente da ABLV, “muitos pacientes dependem da sua voz como forma laboral, é sua forma de ganhar a vida”. Recentemente, o Ministério da Saúde incluiu a disfonia, os nódulos vocais e as laringites crônicas entre as doenças ocupacionais, reconhecendo a relação entre o desenvolvimento dessas condições e o ambiente de trabalho.

“Essa conquista é fundamental para os trabalhadores que usam a voz como ferramenta de trabalho”, destaca a Dra. Adriana. “Fatores relacionados ao ambiente de trabalho, como pressão sonora acima dos níveis de conforto, acústica desfavorável, ventilação inadequada, baixa umidade, exposição a produtos químicos e irritativos, ritmo acelerado, dificuldade de acesso à hidratação e jornada de trabalho prolongada, são fatores de sobrecarga vocal”, concluiu a profissional.

A inclusão dessas condições como doenças ocupacionais é uma grande conquista, pois exige que o poder público e as empresas planejem medidas de assistência e vigilância para prevenir tais doenças nos locais de trabalho, garantindo ambientes laborais mais seguros e saudáveis para todos os trabalhadores.

Câncer de laringe: informação e prevenção caminham juntos

Além disso, a campanha também aborda a prevenção do câncer de laringe, alertando sobre os principais fatores de risco e as situações que devem acender um sinal de alerta e levar o paciente a procurar um médico. Conforme orienta a Dra. Adriana:

Quando devo procurar um médico?

  • rouquidão persistente por mais de 2 semanas;
  • rouquidão associada ou não a outros sintomas como dor de garganta, dificuldade para engolir ou respirar;
  • perda súbita da voz sem um quadro gripal associado.

Fatores de risco para a doença: 

  • O fumo e o álcool são os principais fatores de risco, sendo que o fumo aumenta em 10 vezes a chance de desenvolver o câncer de laringe (alguns estudos mostram aumento de 15-30 vezes);
  • Excesso de gordura corporal (sobrepeso e obesidade) aumenta o risco de câncer de laringe;
  • Infecção pelo vírus HPV;
  • Exposição a óleo de corte, amianto, poeira de madeira, de couro, de cimento, de cereais, têxtil, formaldeído, sílica, fuligem de carvão, solventes orgânicos e agrotóxicos está associada ao desenvolvimento de câncer de laringe. Os trabalhadores da agricultura e criação de animais,  indústria têxtil, de couro, metalúrgica, borracha, construção civil, oficina mecânica, fundição, mineração de carvão, assim como cabeleireiros, carpinteiros, encanadores, instaladores de carpete, moldadores e modeladores de vidro, oleiros, açougueiros, barbeiros, mineiros, pintores e mecânicos de automóveis podem apresentar risco aumentado de desenvolvimento da doença.

Outros fatores de risco para o câncer de laringe incluem:

  • Idade avançada;
  • Dieta pobre em vegetais verdes;
  • Infecção por HPV;
  • Dieta rica em gorduras e carne conservada em sal;
  • Exposição a tintas, amianto, vapores de gasolina e radiação.

Desafios: conscientização e autocuidado

Apesar dos avanços na conscientização sobre a saúde vocal, a presidente da ABLV reconhece que ainda existem desafios a serem enfrentados. “Muitos pacientes negligenciam seus sintomas. A média de idade de diagnóstico de câncer de laringe está em torno dos 60 anos, sendo que 95% dos casos estão em pacientes acima dos 40 anos e, na sua grande maioria, em homens que já têm, em sua natureza, a tendência de não ter autocuidado fazendo com que os pacientes procurem atendimento quando já aprestam doença em estádio mais avançado “, indica.

Para promover o autocuidado e a preservação da saúde vocal, a ABLV oferece uma série de recomendações, como; não fumar, evitar forçar a voz e gritar com frequência, manter-se hidratado, cuidar da alimentação e do sono, e procurar um médico em caso de dúvidas.

“Nossas recomendações incluem não forçar a voz, evitar gritar e cochichar com frequência, evitar falar excessivamente em ambientes com barulho ou durante inflamações das vias aéreas, moderar o consumo de álcool e alimentos que causem azia ou má digestão, manter-se hidratado, evitar ambientes com vapores de substâncias químicas ou poluídos, alimentar-se de forma equilibrada e saudável, e manter um sono regular e saudável”, destaca a profissional.

A atuação multidisciplinar, envolvendo otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos, professores de canto e outros profissionais, é essencial no tratamento e acompanhamento de distúrbios vocais. “Cada profissional tem formações e habilidades diferentes e formas de raciocínio diferentes, mas todos trabalham em prol de um objetivo único: a melhora da qualidade vocal do paciente”, explica a Dra. Adriana, que conclui ressaltando que reconhecer, conhecer e respeitar o trabalho de cada profissional é essencial.

Com informações abrangentes, engajamento de profissionais de diversas áreas e um foco especial na “Voz Profissional” e nas doenças ocupacionais, a Campanha da Voz 2024 se consolida como uma iniciativa fundamental para a promoção da saúde vocal, a conscientização sobre os cuidados com a voz e a prevenção de doenças na população brasileira.

Acompanhe as próximas notícias no Portal VOX Otorrino e envie as suas sugestões de pauta para comunicacao1@aborlccf.org.br.

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