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Dr. José Antonio Pinto

Diretor do Núcleo de Otorrinolaringologia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Medicina do Sono de São Paulo (NOSP)

A residência médica foi introduzida no Brasil em 1944, sendo a primeira no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Pouco depois, ela foi criada no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Posteriormente, foram implantadas gradualmente também em hospitais públicos, envolvendo treinamento clínico e cirúrgico, em geral, sem especialidades.

Dentre os hospitais privados, o primeiro a criar áreas de especialização foi o Instituto Penido Burnier, em Campinas, nas áreas de Oftalmologia e Otorrinolaringologia, seguido pela Clínica Kós em ORL, no Rio de Janeiro. Não havia regulamentações ou normativas a respeito. Corriam os anos 1960 e o Rio ainda era a capital da República, concentrando a maioria das atividades culturais e socioeconômicas do país. São Paulo crescia a passos largos, em especial na área médica, com o surgimento de várias escolas de medicina e novos hospitais.

Em 1967, um grupo de 10 médicos otorrinos, oriundos do Hospital das Clínicas e do Hospital do Servidor do Estado de São Paulo, criaram uma sociedade para construir um centro médico otorrinolaringológico que evoluiu para a construção do primeiro hospital de ORL do Brasil,  o Hospital Ibirapuera, inaugurado em 4 de agosto de 1969, localizado na recém-aberta Avenida Rubem Berta. Inicialmente estruturado em prédio térreo, com fundação para mais andares, cresceu rapidamente e em pouco tempo, com consultórios e cirurgias, funcionando 24h por dia.

Congregando intensa atividade clínico-cirúrgica, sendo referência nas áreas de otorrinolaringologia, cirurgia de cabeça e pescoço e endoscopia peroral, foi criado o Centro de Estudos e Pesquisas (CEP), com reuniões periódicas, aulas, discussão de casos e produção de trabalhos científicos. 

A exiguidade dos centros de formação em ORL e a profícua evolução do Hospital Ibirapuera deram origem, em janeiro de 1973, à criação em São Paulo da primeira residência em otorrinolaringologia fora dos hospitais universitários. Inicialmente com duração de dois anos, a residência teve seus três primeiros residentes provenientes da Escola de Saúde Pública da Bahia, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná e de Uberaba

Iniciou-se, então, com aulas teórico-práticas, treinamento em ambulatório e centro cirúrgico e dissecção anatômica no Instituto Médico Legal (IML) da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo (FMUSP). Com o crescimento de suas atividades assistenciais e física, gradualmente houve aumento anual no número de vagas para novos residentes, sendo a qualidade da residência reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC) em 1980, sendo que, após três anos, a própria instituição desvinculou-se do MEC, ficando sob exclusiva tutoria da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia (SBORL).

Em 1985, problemas societários levaram à desativação do Hospital Ibirapuera, ficando a residência médica sob responsabilidade de nova pessoa jurídica: o Núcleo de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço de São Paulo (NOSP), reconhecido pela SBORL.

O NOSP, com sua sede em Moema, filiou-se a vários hospitais, como o Nossa Senhora de Lourdes (hoje São Luiz Jabaquara), Clínica Infantil do Ipiranga e Hospital São Camilo – Pompeia, onde os residentes tinham suas práticas clínico-cirúrgicas. Nos últimos 30 anos, realizou inúmeros cursos nacionais e internacionais, contando com professores brasileiros e de outros países. Manteve seu curso de aperfeiçoamento com residentes, por meio de programa teórico-prático regular em períodos de três anos. 

Durante estes 50 anos de ininterrupta atividade, passaram pela nossa residência em torno de 250 médicos, hoje otorrinos titulados, exercendo suas funções em todo o território brasileiro, além do exterior. 

É com orgulho que temos entre nossos ex-residentes nomes de projeção nacional e internacional, professores e chefes de serviço, que inclusive criaram novos serviços de residência em otorrinolaringologia, muito bem avaliados, em nosso país. 

Com muita honra, celebramos este ano o jubileu da residência médica em ORL do NOSP, criado em 1973, e que tem contribuído para o crescimento e o bom nome da ORL brasileira, sempre com o apoio de nossa Associação Brasileira de Otorrinolaringologia (ABORL-CCF).

Entrevista com o Dr. José Antonio Pinto

Como complemento ao rico conteúdo desenvolvido pelo Dr. José Antonio Pinto, realizamos um breve bate-papo com o autor sobre a importância e a história da residência em otorrinolaringologia no Brasil, que você confere na íntegra, a seguir.

[ABORL-CCF] Quais são os principais desafios enfrentados pelos médicos residentes em otorrinolaringologia no Brasil?

Dr. José Antonio Pinto: o maior desafio das residências médicas (RM) no Brasil é decorrente da defasagem do grande aumento das escolas médicas, formando hoje mais de 30 mil médicos por ano, em mais de 390 escolas de graduação que não oferecem a RM. Deste total, somente 8% dos recém-formados conseguem realizar a RM. Esta dificuldade também acontece na ORL, com 90 serviços de RM, a maioria (46%), localizados no Sudeste do país. Hoje, temos um total de 838 residentes e especializandos em ORL nos vários níveis, sendo que em 2022 foram aprovados 203 na prova de TE. Consideramos que há um baixo número de titulados e mal distribuídos de ORLs para as necessidades do país.

Como funciona o processo seletivo para a residência médica em otorrinolaringologia no Brasil?

Em decorrência do grande número de escolas médicas de baixa qualidade, o afluxo de recém-formados nas mesmas tem sido volumoso, tornando bastante difícil e complexo o processo seletivo que é individualizado nas diversas instituições.

Quais são as habilidades e competências essenciais que os médicos residentes em otorrinolaringologia devem desenvolver durante o programa de residência?

Durante a RM (Residência Médica), os médicos devem seguir um programa básico clínico-cirúrgico, com treinamento ambulatorial, acompanhamento em enfermarias, UTIs e outros departamentos, com horários de práticas de dissecção anatômica no IML. Gradualmente, deverão evoluir nos procedimentos cirúrgicos sempre sob a orientação de preceptores e residentes mais graduados.

Qual é o papel da residência médica em otorrinolaringologia no Brasil na formação de novos profissionais para atuar nessa especialidade?

Apesar da desorganização com o ensino médico no Brasil, a Residência Médica em ORL tem se desenvolvido com eficiência pela ação da ABORL-CCF, empenhando-se na organização e acompanhamento de programas na evolução da competência e aprendizado dos residentes, que tem se apresentado com qualidade em nível nacional e internacional.

Como a residência médica em otorrinolaringologia no Brasil contribui para o avanço da área e para a melhoria da saúde da população?

Em função do relevante papel da ABORL-CCF em campanhas médico-sociais destinadas à população brasileira, o residente ORL tem participado ativamente de inúmeras campanhas em prol da melhoria da saúde da população, como a Semana da Voz, a prevenção do câncer de laringe, a ação antitabagismo, os distúrbios do sono, a prevenção da surdez e muitas outras.

Qual a relação pessoal do doutor com a residência médica? Há alguma história pessoal do Dr., relacionada a esse tema, que gostaria de compartilhar conosco?

Eu vivi o princípio das Residências Médicas e suas dificuldades no Brasil. Nos anos 1960, havia poucas. Tínhamos que procurar serviços diferentes, de acordo com o nosso interesse. Os poucos centros não eram abrangentes: um era melhor em Otologia, outro em Laringe e Endoscopia, surgia a Cirurgia de Cabeça e Pescoço, e assim por diante.

Com as dificuldades em nossa formação e acompanhando a evolução de serviços na Europa e Estados Unidos, visitamos alguns, mantendo sempre a esperança que poderíamos ter no futuro centros que congregassem amplamente as diferentes áreas da Otorrinolaringologia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Bucofaringologia. No final dos anos 1960, o desenvolvimento de São Paulo exigia um centro de ORL mais completo. Desta ideia e da união de 10 colegas otorrinos, partimos para a construção de um centro especializado, que deu origem ao Hospital Ibirapuera, inaugurado em 4 de agosto de 1969. Com o seu crescimento e profícua evolução assistencial e científica, criamos o Centro de Estudos e Pesquisas (CEP) e a primeira residência em ORL fora dos hospitais universitários, em janeiro de 1973. A RM sempre foi uma questão de honra para mim. Tendo vivido suas dificuldades, empenhei-me em poder organizar um centro de aperfeiçoamento atuante, evolutivo, para compartilharmos nacional e internacionalmente em todas as áreas da ORL. Nestes ininterruptos 50 anos, recebemos residentes de todo o país, inclusive do exterior.

Contribuímos para a evolução da ORL, formando mais de 250 otorrinos titulados e de grande relevância no cenário nacional e internacional.

O apoio da ABORL-CCF sempre foi de grande importância para atingirmos os nossos objetivos.

Acompanhe as próximas notícias no Portal VOX Otorrino e envie as suas sugestões de pauta para comunicaçao1@aborlccf.org.br.

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Dr. Marco Aurélio Bottino