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Uma importante discussão está em curso no cenário da saúde brasileira: a possível incorporação do medicamento dupilumabe no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para o tratamento da Rinossinusite Crônica com Pólipo Nasal (RSCcPN). Esta consulta pública representa um potencial avanço significativo para pacientes que sofrem com formas graves e refratárias desta condição.

Além disso, esse movimento representa uma oportunidade para que otorrinolaringologistas contribuam com sua expertise, ajudando a definir critérios rigorosos para a utilização dessa terapia avançada em casos refratários aos tratamentos convencionais.

Em entrevista exclusiva para o Portal VoxOtorrino, o ex-presidente da ABORL-CCF, Dr. Fabrizio Romano, compartilha detalhes fundamentais sobre o medicamento e a importância dessa consulta pública para a prática clínica dos otorrinolaringologistas.

O que é o Dupilumabe?

O dupilumabe é um anticorpo monoclonal, um medicamento imunobiológico que atua bloqueando a ação de duas interleucinas fundamentais nas inflamações do tipo 2: a IL-4 e a IL-13. Como explica o Dr. Fabrizio Romano, ex-presidente da ABORL-CCF, “por essa ação, ele tem sido usado no tratamento das doenças inflamatórias do tipo 2, principalmente a asma, esofagite eosinofílica e a dermatite atópica, além da polipose nasal“.

Esse medicamento já está incorporado no rol da ANS para o tratamento da asma e, mais recentemente, foi aprovado para uso no Sistema Único de Saúde (SUS). Agora, a consulta pública em questão visa avaliar a inclusão do dupilumabe no tratamento da polipose nasal, especialmente para pacientes com casos graves e refratários a outros tratamentos.

A importância do dupilumabe no tratamento da polipose nasal

A polipose nasal é uma condição crônica que afeta a qualidade de vida de muitos pacientes, causando obstrução nasal, perda de olfato, rinorreia e outros sintomas debilitantes. Embora a maioria dos pacientes responda bem a tratamentos convencionais, como cirurgias e corticoides tópicos, há uma parcela que não obtém melhora significativa.

Segundo o Dr. Fabrizio Romano, “hoje a gente consegue tratar a imensa maioria dos pacientes com polipose nasal, com cirurgia adequada, uma cirurgia de tamanho adequado, com uso da lavagem nasal em alto volume, com corticóide diluído, então a grande maioria dos pacientes fica super bem”. “Só que tem uma pequena proporção de pacientes, muitos deles que têm asma também, mas uns poucos que não têm asma, que mesmo com cirurgias repetidas e uso do corticóide, eles não melhoram e têm a sua qualidade de vida muito impactada. E é para esse grupo pequeno de pacientes que a gente está propondo a incorporação do dupilumabe“, ressalta o profissional.

A experiência brasileira com o dupilumabe

O uso do dupilumabe no Brasil já é uma realidade no tratamento da asma, e muitos pacientes com polipose nasal também têm se beneficiado desse medicamento. O Dr. Fabrizio Romano destaca que “já existe uma experiência bastante grande aqui no Brasil, inclusive existe um trabalho multicêntrico que vai ser publicado agora nos próximos meses relatando essa experiência brasileira de ótimos resultados e por isso  a gente acredita nos benefícios da incorporação do dupilumabe para o tratamento da polipose nasal, refratária ao tratamento no Brasil“.

Essa experiência positiva reforça a importância de ampliar o acesso ao medicamento, especialmente para pacientes que não respondem a outras terapias.

O desafio do custo e a necessidade de critérios rígidos

Um dos principais desafios para a incorporação do dupilumabe é o seu custo elevado. Como explica o Dr. Fabrizio Romano, “o grande problema na incorporação, tanto do dupilumabe quanto de outros medicamentos de alto custo, é justamente isso: o custo. Acaba tendo um impacto orçamentário grande e, por isso, a gente tem que decidir os critérios de uma forma muito consciente, equilibrada e responsável para não impactar demais no custeio da saúde, seja da saúde suplementar ou do SUS“.

Por isso, a proposta é que o dupilumabe seja indicado apenas para pacientes com polipose nasal grave e refratária, que não respondem a outras opções de tratamento, como cirurgias e corticoides. Essa abordagem visa garantir que o medicamento seja utilizado de forma responsável e sustentável, sem sobrecarregar o Sistema de Saúde.

Como participar da consulta pública

A consulta pública é uma oportunidade para os otorrinolaringologistas e outros profissionais da saúde manifestarem sua opinião sobre a incorporação do dupilumabe no tratamento da polipose nasal. Como reforça o Dr. Fabrizio Romano, “é muito importante que todos os otorrinolaringologistas que tratam pacientes com polipose participem dessa consulta pública dando a sua opinião“.

Para participar, basta acessar o formulário online disponível no link: bit.ly/polipocp. A sua contribuição é fundamental para que a ANS possa tomar uma decisão informada e equilibrada sobre a incorporação desse medicamento.

A consulta pública sobre a incorporação do dupilumabe no tratamento da polipose nasal representa um avanço importante para a medicina brasileira. Esse medicamento pode trazer alívio e esperança para pacientes com casos graves e refratários, melhorando significativamente sua qualidade de vida.

A participação dos otorrinolaringologistas nesse processo é crucial. Como destaca o Dr. Fabrizio Romano, “isso é muito importante para a Agência Nacional de Saúde poder formular uma opinião sobre a incorporação ou não dessa medicação“. Portanto, não deixe de participar e contribuir para essa importante decisão.

Acompanhe as próximas notícias no Portal VOX Otorrino e envie as suas sugestões de pauta para comunicacao1@aborlccf.org.br.

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