O médico otorrinolaringologista, Eduardo Baptistella, fala sobre o uso responsável dos vasoconstritores nasais e o projeto de lei para a venda sob prescrição.
A utilização de medicamentos para aliviar as congestões nasais é muito comum no tratamento de sintomas em resfriados, quadros alérgicos, rinites, entre outras causas, e eles podem ser facilmente adquiridos em farmácias, a preços acessíveis e sem a necessidade de prescrição médica.
Contudo, recentemente, tivemos o caso de uma criança na mídia, em que ela foi parar na UTI por conta do uso irregular de um vasoconstritor nasal.
Com isso, a ABORL-CCF levou, à Câmara dos Deputados, um projeto de lei que pede a prescrição obrigatória para as vendas e aquisições. Como esse caso ocorreu? Por que o projeto de lei foi enviado ao governo? Como eu posso prevenir minha saúde nesse contexto?
Acompanhe abaixo a entrevista com o Dr. Eduardo Baptistella, médico otorrinolaringologista, e entenda.
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Doutor, por que a criança foi parar na UTI? O que aconteceu?
Bem, primeiro pelo uso de forma errada do vasoconstritor nasal, pois a criança acabou “tomando pela boca” o medicamento, e segundo devido ao remédio ter o componente da “adrenalina”, que faz aumentar a frequência do coração. Isso pode levar à arritmia e, em piores casos, à parada cardíaca.
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Os riscos à saúde com o uso do vasoconstritor nasal só acontece com as crianças?
Não, ela também acontece com adultos. O uso do medicamento eleva a pressão arterial, podendo ocasionar glaucoma, catarata, fazer perfurações no septo nasal, sangramentos e, principalmente, leva ao vício.
Neste contexto, o uso desse remédio leva a um efeito rebote, que faz com que o efeito sofra perdas continuamente e ele precise ser usado novamente.
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Com tantos riscos, por que eles são vendidos sem receita?
Isso acontece por um erro na legislação brasileira. Os vasoconstritores nasais não deveriam ser vendidos livremente. Todos os países da Europa, os Estados Unidos, entre outras nações, só o vendem com receita médica.
No Brasil, recentemente, a ABORL-CCF levou, à Câmara dos Deputados, um projeto de lei que pede a prescrição obrigatória, para que casos como esse, da ingestão, não aconteçam novamente.
Por fim, reitero: se você possui algum problema de respiração, procure seu otorrinolaringologista. Previna-se e não faça a automedicação.
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